sábado, 7 de março de 2015

Entrevista - Dranois 7


Quando e como foi seu primeiro contato com a musica experimental noise?

Foi através do SonicYouth, lá pelos anos de 2008/2009, eu resolvi ir atrás de algumas músicas da banda e me deparei com um som que achei foda, nunca havia ouvido algo como aquilo, era novo para mim, misturar rock e ruídos. Resolvi ler sobre a banda ai me deparo no artigo com a palavra NOISE, e descubro que era um estilo (não) musical, fui pesquisar mais sobre e me deparo com Merzbow, resolvi então assistir um vídeo de uma apresentação dele, minha mente explodiu quando vi aquilo, os ruídos, a atmosfera me fascinou bastante, ai fiz uma série de pesquisas, descobri Masonna, que foi uma porrada, a performance era divina, todo energia do noise sendo extravasada, um japa de cabelo comprido pulando, gritando, aquilo me fascinou. Depois ouvi trabalhos do John Cage, Moondog e fui descobrindo mais. Pode-se dizer que meu primeiro contato com a música experimental foi realmente com o noise.

O que levou a criar seu próprio projeto, qual o significado do nome para você?


Eu queria fazer algo musical, eu tinha acabado o ensino médio estava sem perspectiva nenhuma de ir pra universidade, queria fazer algo nesse tempo vago. Antes do Dranois 7 se torna meu projeto principal eu tive outros, o Putrefarina 333 foi minha primeira experiência, era um grindcore mal gravado, eu tocava violão, baixo, bateria e cantava influenciado pelo Pinto Sujo, o nome foi o Allan Snipher que deu, gravei algumas coisas, se não me engano o Allan me colocou na comunidade do Clubinho do Noise, no finado Orkut, ai fui ouvindo o material que postavam lá, depois criei o Boneca Ninfocanibal (nome tosco hahaha) que era a colagem de várias músicas com uma bateria programada no fundo, o Allan tinha me passado o nome de alguns programas e fui fazendo. Nesse período eu andava ouvindo música experimental e noise todos os dias, todos os dias mesmo, e estava numa onda de estudar dadaísmo – o que até hoje me influencia tanto nas colagens como na música - então resolvi me aventurar nessa linha, os primeiros trabalhos do Dranois7 podem ser barulhos, mas é levado pra uma coisa mais experimental, não tem ruídos, no trabalho “Experimento Barulhento” que resolvi assumir as linhas de ruído.


O nome vem de uma junção de um apelido que eu usava “Drack”(apelido bem tosco) com a palavra Noise, ai peguei o Dra do apelido e o Nois do noise, ai ficou Dranois. O 7 coloquei pois dizem ser o número da perfeição (o que meu projeto nunca foi) e como gosto de nomes compostos nos projetos então resolvi colocar o 7, se não é perfeito pelo menos o projeto destrói a perfeição.

Suas influências, quais são? Algum material fez você despertar interesse para ruídos e musica experimental? 

Falar de influências é meio complicado, pois, tenho influências de inumeráveis artistas, mas posso citar algumas que são: Merzbow, Masonna, Kylie Minoise, Whitehouse, GodPussy, Noise Machine, Reator04.

Não houve um material especifico que foi decisivo pro meu interesse na música experimental ou noise, mas foram vários matérias, pois quando descobri o que era noise, eu ouvia várias coisas ao mesmo tempo.


Por que a intenção de acabar com o Dranois7? O que fez voltar atrás e prosseguir com ás atividades com musica experimental, possui planos para criar novos projetos? 


Eu cheguei ao ponto de tédio, parecia que estava fazendo barulho por fazer, vi que estava sempre usando o mesmo processo pra tudo, aquilo me fez querer terminar com o projeto, o Dranois é uma extensão da minha pessoa, faz parte de mim, foi criado dentro de uma proposta de não fazer o convencional, minha dedicação a essa parte estava mínima por esse sentimento de estou fazendo apenas “mais do mesmo”, sem tesão nenhum pelo barulho. Lembro que saiu a entrevista com o Noise Machine em que o Marcelo França falava: “Vejo uma preocupação hoje com timbres bonitinhos, efeitinho idiota aqui outro ali, hahaha, meu negócio é descer a lenha nada mais que isso.” Essa fala do Marcelo me abriu a visão, eu criei o Dranois7 pra ser algo meu, fazer barulho e nesse barulho ter um grito, algo a dizer, “descer a lenha”, isso me fez repensar em toda a ideia de terminar e decidi que esse projeto não irá morrer tão cedo.
Quanto a planos pra novos projetos eu tenho sim, estou fazendo alguns sons levando para o lado do Drone e Ambiente, não tem nome o projeto e nem sei se lançarei o material e também venho trabalhando em um outro som dentro do noise, mas trabalhando algo com vocais, usando teclado, mas todos esses não sei se lançarei algo, são estudos que faço. O foco principal na música é destruir tudo com o Dranois7.

Algum trabalho para o futuro, CD, split, tape, performance, etc? 

Ainda esse ano pretendo lançar um material físico, estou trabalhando nos sons, serão 13 faixas de ruído e mais ruído. Split e performance não tenho nenhuma em vista no momento.


Sobre as colagens, como ocorreu e de que forma entrou para o universo do movimento artístico?


A colagem veio através de estudos sobre arte isso lá em 2012, eu não sei desenhar uma linha reta, todos minhas tentativas com desenho falharam e desisti de tentar desenhar. Eu estava lendo sobre os movimentos artísticos, me deparei com o dadaísmo, já conhecia da literatura, e vi que os dadaístas usavam a colagem como forma de expressão, os cubistas, os surrealistas também faziam colagens, me despertou interesse saber mais da técnica e também resolvi arrisca a fazer, gostei da experiência de descontruir algo e criar um algo novo e depois não parei mais.

Quais os processos mais utilizados por “Corte na Testa”, papel e tesoura ou digitais? O que pretende passar através de suas artes criadas? 

Utilizo muito papel e tesoura, é minha forma preferida de trabalhar, a colagem digital não substituirá o papel, tesoura e cola, pelo menos não na minha forma de trabalho. 
Eu vejo a colagem de forma poética, bebo muito na fonte do dadaísmo, simbolismo e surrealismo, utilizo uma temática bastante variada, posso ver um filme e ter uma ideia para uma colagem, uma música, ou algo que leio, as ideias vem de formas variadas. Muitas vezes a colagem toma vida e sai algo totalmente diferente do que eu queria passar então eu faço a obra para quem ver tire sua própria ideia sobre o que quer ser passado.


Quais artistas você se inspira para suas colagens, poderia citar alguns?


Artistas que tenho como inspiração são o Marx Ernst, Rogério Geo,Conehorror, esses foram os que mudaram minha visão de como fazer colagem e me inspiro bastante neles.

Obrigado por contribuir e por sua força e inspiração para todos nós, sinta-se livre para qualquer argumento, o espaço é seu...

Eu que agradeço o espaço, significa muito pra mim, falar dos meus trabalhos, espero ter contribuído para teu trabalho no blog, você faz muito pelo noise brasileiro e é gratificante vir aqui e falar sobre duas coisas que são minha vida, são as extensões de mim mesmo. 
Não mais, para todos aqueles que esperam por alguém, alguma gravadora ou algum curador chamar para uma exposição ou qualquer coisa só tenho a dizer: FAÇA VOCÊ MESMO, foda-se o resto, faça você mesmo, se vai ter reconhecimento isso é consequência, o que importa é fazer. 

Responda rápido!

Noise Rítmico ou JunkiePlugs? Gosto dos dois.
Analógicos ou Digital? Já gravei sons nos dois processos, gosto de ambos.
Materiais físicos ou Netlabel? Ambos, o material físico ainda rola o fetiche de você ter o material de alguém, o que acho importante, mas nem todo artista tem como viabilizar material físico então entra a importância da Netlabel nesse contexto de divulgar a música.
Sertanejo clássico ou Sertanejo universitário? Não curto nenhum, mas se for pra escolher fico com o clássico.
Split ou Álbuns Solos? Ambos
Policia ou Ladrão? Pra mim é tudo igual, a única coisa que muda é que a polícia é o ladrão fardado.

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